O que é isso? Já ouviu falar? Acontece ou já aconteceu com você?
Algumas questões tem me intrigado no meu dia a dia que é recheado de temas pertinentes aos desafios do universo feminino.
De forma bastante simples, vamos agora falar sobre esse tema tão relevante e presente que muitas de nós não reconhecemos em nosso dia a dia por já ser algo tão estabelecido nas dinâmicas familiares dada a criação machista enraizada na nossa cultura.
A carga mental é todo o esforço não físico e deliberado que deve ser realizado com objetivo de resultado concreto - esse excesso ocorre porque na grande maioria das vezes quem executa tais atividades somos nós, as mulheres.
No mundo moderno onde temos a própria carreira, nos multiplicamos em muitos papéis, já os homens permanecem como coadjuvantes no quesito administração doméstica. Em casa, somos nós mulheres que planejamos, contratamos, administramos conflitos, preparamos agenda, prevemos falhas, decidimos o que fazer quando a babá falta (para quem tem esse tipo de apoio), entre tantas outras situações diárias. Na maioria dos casos, inclusive, somos nós que realizamos efetivamente o trabalho, ou seja, lavamos, passamos, cozinhamos, etc.
Isso faz com que enquanto os maridos relaxam no sofá em frente a TV, as esposas estejam listando as compras, apaziguando o conflito entre os filhos ou organizando a própria agenda para atender uma reunião escolar e planejamento demanda tempo… Demanda muito tempo!
A grande questão é que não há consciência sobre o tema. Simplesmente fazemos!
Por que? Porque sempre foi assim! Porque pedir ajuda insistentemente demanda ainda mais energia! Enfim, muitas são as explicações.
Fato é que apesar de historicamente as coisas caminharem desta forma, é preciso que pensemos e ajudemos a levantar essa bandeira para modificarmos urgentemente essa realidade. Afinal, trata-se de uma carga silenciosa, muito pesada e não remunerada.
Esse trabalho é tratado como invisível, apesar de ser um pilar fundamental dentro dos lares. Essa situação de sobrecarga é fruto do patriarcado e do machismo estrutural que precisamos enfrentar diariamente se quisermos ter as mesmas chances que os homens no mercado de trabalho, por exemplo.
Vejam, não se trata de resolver a questão contratando mão-de-obra, pois essa administração ainda permanece sob a responsabilidade das mulheres. Assim, precisamos nos perceber, precisamos valorizar e reconhecer nossos privilégios, mas não podemos fechar os olhos para o fato de que mesmo tendo carreiras brilhantes, temos menos tempo disponível, temos menos descanso, porque nos são atribuídas tarefas invisíveis e essenciais.
Assim, para iniciarmos esse processo é preciso mudarmos em primeiro lugar nossa própria mente e retirarmos do nosso vocabulário frases que falamos sem perceber a gravidade, como: “meu marido me ajuda” ou “ele é um paizão, até troca fraldas”. Casar e ter filhos implica em COMPARTILHAR a criação, COMPARTILHAR a construção da família e não meramente uma simples “ajuda”. Essa carga precisa ser dividida, e essa mudança é para ontem, porque estamos falando de um trabalho que não é possível de ser mensurado.
Os casais precisam tratar de todos os temas de forma igualitária, independente da natureza do assunto. Ter uma casa, uma família traz uma carga de organização enorme que precisa ser suportada por aqueles que decidiram por essa vida. Como já disse em outras oportunidades, a conta não fecha para o lado das mulheres que precisam suportar cargas excessivas. Para finalizar, deixo meu alerta: todo esse esforço mental a que me refiro não entra na partilha dos bens que inclusive muitos maridos no momento da separação insistem em esconder. Abdicar da própria carreira é uma soma de prejuízos emocionais e sim financeiros - precisamos falar sobre isso, SIM.
Estejam atentas, estejam presentes. Sigamos juntas construindo nossas histórias!
Hellen Moreno - Advogada pelas causas Femininas. Minha vocação é apoiar mulheres a passarem pelo desafio de reconstruírem suas vidas após o divórcio (ou outras questões complexas judiciais no âmbito familiar) podendo usufruir de uma rede de apoio sob medida com a finalidade de ressignificarem suas histórias. Assim, de forma acolhedora e profissional, luto para que as minhas clientes tenham a oportunidade de saírem empoderadas de situações complexas, as quais muitas vezes se vêem reféns de si mesmas ou do outro.
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